Dando sequência ao post O que comemos em uma semana (parte I), aqui continuamos com mais fotografias de famílias & seus respectivos ranchos mundo afora, bem como mais questões para colocarmos para nossos aluninhos fofos e fazê-los pensar nesse mundão enorme onde eles vivem.
E, pra deixar bem claro, tudo quando é pergunta se refere a tudo quanto é foto, sem restrições, a coisa só se divide em dois posts pra ficar mais organizado. :)


[para referência filosófica, novamente: HPI: O indicador do planeta feliz]



Austrália - Família Brown, River view - Total gasto numa semana: US$376



Guatemala - Família mendoza, Todos os Santos - Total gasto numa semana: US$75,50



Dessa feita, as perguntas não seguem tanto o viés do óbvio, do já colocado. As questões aqui são de cunho mais reflexivo, mais filosófico, mais subjetivo. Justamente com essa intenção é que colocamos o HPI como referência: para, entre um caleidoscópio de associações possíveis, pensar sobre as pessoas, e sobre o que faz elas felizes.


Vamos lá:

- Como é o lugar onde essa família vive? O que te chama mais atenção nesse local?

- Essa casa e os objetos que há nela têm alguma característica que a associe com o lugar onde ela fica? Qual?

- Se tu não soubesses onde fica esta casa, onde tu dirias que ela é? (Dirias que é no Brasil?) Por quê?

- A família tem animais de estimação? Se sim, quais?

- Como as pessoas na foto se vestem? É parecido com como as pessoas se vestem no teu dia-a-dia? Por que tu pensas que elas se vestem assim?

- Como é a estrutura dessa família? Ela se parece com a tua família/as famílias que tu conheces?

(...)



Luxemburgo - Família Kuttan-Kases, Erpeldange - Total gasto numa semana: US$465,84



India - Família Patkars, Ujjain - Total gasto numa semana: US$39,27



Estados Unidos - Família Fernandezes, texas - Total gasto numa semana: US$242,48



- Como é a expressão no rosto das pessoas? Elas parecem felizes/tristes?

- Tu achas que as condições de vida que essas pessoas têm justificam a expressão no rosto delas? Por quê?

- Se tu estivesses no lugar delas, tu estarias como (triste, feliz,..)? Por quê?

- O que tu dirias que falta para essa família? Por quê?

- E o que sobra? Por quê?

- Antes de ver essa foto, como tu imaginarias uma família nesse lugar? É muito diferente da foto? O que seria parecido/diferente?

- Tu pensas que todas as famílias nesse país são que nem essa? Se não, de que outro(s) jeito(s) elas são?


Mali - Família Natomos, Kouakourou - Total gasto numa semana: US$26,39



Canada - Família Melansons, Iqaluit, Nunavut Territory - Total gasto numa semana: US$345



Buenas, essa "leva" de questões tem mais uma intenção de trabalhar dois aspectos: representação e necessidades.

Essa última ideia propõe um questionamento sobre o que é necessário para ser feliz e, por consequência, faz pensar também sobre o significado dos estilos de vida que as pessoas (inclusive os próprios alunos) levam, qual o significado disso, quais as consequências, e se ele faz essas pessoas felizes. E mais: se ele é o único que faz essas pessoas felizes.

Já quanto à representação, que é justamente o mote desse blogue, penso que visualizar uma família (aleatória, não intencionalmente típica, mas sim uma família-padrão, uma como tantas outras naquele lugar) que representa, de forma não estereotipada, um determinado lugar do mundo, serve um pouco para (re)pensarmos a maneira como imaginamos o outro. Cada foto é uma janela para o cotidiano, para o trivial, para o comum daquele país. Não é para turista ver, é como as pessoas vivem. E esse choque (ou essa confirmação daquilo que se pensava, talvez não totalmente, mas em alguma parcela) coloca aos olhos questões sobre pré-conceitos, sobre estigmas, sobre diferenças, e faz abrir não só os olhos, mas os narizes, bocas, ouvidos, para realmente perceber os sujeitos que existem pra lá de qualquer lugar.



França - Família Moines, Montreuil - Total gasto numa semana: US$419,95


Greenland - Família Madsens, Cap Hope - Total gasto numa semana: US$277,12



Turquia - Família Celiks, Istanbul - Total gasto numa semana: US$145,88



Enfim, à parte disso, me ocorreram duas ideias que talvez sejam interessantes de desenvolver, para trabalhar não só a percepção dos alunos, mas também o potencial de criação, porque fazer, grafar o mundo, é também imaginar o mundo, para além do que dizem que ele é.


Outras sugestões de atividades associadas:

- Propor que cada aluno, ou os alunos em grupo, façam uma história sobre o encontro de duas famílias, ou, associando com o programa de televisão Troca de Famílias, sobre como seria se alguém de uma das famílias 'trocasse de lugar' com alguém de outra por uma semana. Ou, ainda, sobre se o(s) aluno(s) fossem passar uma semana morando com uma dessas famílias, escolhida ao acaso.
Essa ideia tem a intenção, principalmente, de trabalhar a questão igualdade/desigualdade, e colocar os alunos pra pensar e questionar sobre isso e sobre uma série de coisas que esse tema traz. Da mesma forma, a ideia de colocar o aluno em uma dessas situações serve para trabalhar as realidades brasileiras, as identidades e a realidade dele, e como ele se enxerga no meio e em relação a todas essas diferentes realidades globais. Dá para pensar questões de diferenças culturais, também, bem como de semelhanças. Enfim, é colocar em conflito (contato) as diferenças, as desigualdades, e questionar o significado delas.


- Propor que cada aluno faça, se for possível, uma foto parecida, mas da sua família: eles, em casa, com o que aproximadamente comem em uma semana. A partir disso, dá para se analisar as diferentes realidades dos alunos, comparar, mas, principalmente, penso que faz eles se colocarem em um lugar no mundo, e enxergarem o seu lugar e a si próprios dentro de todas essas questões que foram colocadas. Isso faz (re)pensar hábitos, costumes, e traz o conhecimento e o questionamento para a esfera do palpável, e acho que essa é uma parte do nosso papel de geoprofessores.




Fonte: (advinha...?) Revista Obvious

Leave a Reply